A importância da fase alquímica nigredo

Trabalhando nossas questões internas na nigredo
Fênix ressurgindo da nigredo

A luz e a sombra fazem parte da existência, isso já foi dito na mensagem “Quem eu sou e quem não sou”, partes 1 e 2, que podem ser lidas aqui. Lá, nossos mentores nos disseram que quando entramos na dualidade somos metade luz, metade escuridão, mas não significa que somos isso, esta realidade é parte do programa”.

Todos nós entramos aqui com as porcentagens luz e escuridão equilibradas em 50%, mesmo que do outro lado sejamos seres harmônicos de pura luz. Isto faz parte das regras deste planeta. Não há como eliminar essa escuridão que há em nós, mas podemos percorrer o caminho do meio mantendo esses dois lados equilibrados.

O grande desafio de se estar aqui é o reconhecimento da nossa sombra. Quando a compreendemos, ou seja, tomamos consciência dela, passamos a agir de forma diferente do que estávamos acostumados. A sombra ainda estará lá, mas ela não definirá mais nossas ações, pensamentos e palavras.

Fugir não é a solução

Entretanto, há uma tendência de repudiarmos nossa sombra ao longo da vida, porque não aceitamos os aspectos presentes nesse lado obscuro da nossa psique. Não aceitamos que somos capazes de manifestar a escuridão e normalmente não enxergamos o que não queremos ver.

Quando não enxergamos esse nosso lado sombra, não temos consciência das projeções que fazemos para as outras pessoas que estão a nossa volta, e quando as situações do dia a dia não têm um resultado satisfatório, não entendemos o motivo e normalmente culpamos alguém por isso.

Somos nós que geramos energias densas que encobrem nossa essência e alimentam todo o caos do planeta, a escuridão, a maldade, os conflitos, as guerras, a escassez, as desigualdades. Isto tudo só existe porque nós contribuímos para isso. Outro problema é que sem consciência, abaixamos nossa frequência e passamos a vibrar de acordo com o que manifestamos.

Quais são nossas ações neste planeta denso, carregando dentro de nós 50% luz e 50% sombra? Este é o teste de se estar aqui e por isso somos avaliados o tempo todo.

Percebe-se, então, que o maior entrave às pessoas que buscam a evolução pessoal é o medo de reconhecerem-se más. Tapamos nossos olhos, fugimos e evitamos a todo custo enxergar nossas raivas, invejas, mágoas e ódios profundos. Caímos facilmente na competição, vingança, nas tristezas, apegos e acreditamos não manifestar nada disso.

Reconhecendo nossa sombra

Não percebemos que aquela ajuda que damos a alguém é, muitas vezes, nossa necessidade de controlar a situação ou de ser visto e reconhecido. Também não percebemos que sob a desculpa da sinceridade agredimos com palavras ásperas, ou com o pretexto de boas intenções invadimos a vida do outro. Agimos nos enganando, seguimos sem conhecer nosso lado escuro e somos controlados por ele o tempo todo.

A densidade do planeta gera um forte campo gravitacional que puxa tudo para baixo, dificultando inclusive nossos esforços de se ter pensamentos mais elevados. Os mestres não disseram que seria fácil, no entanto, também não disseram que seria impossível.

A chave é não se deixar ser controlado, e só se consegue isso tomando consciência de quem se é, num mergulho profundo, confrontando nossa realidade interna, redescobrindo-se e revelando nossa verdadeira essência.

Uma ferramenta importante é a fase alquímica da nigredo. A palavra nigredo está associada à cor negra, a Saturno e ao chumbo, ao que é denso, pesado e causa sofrimento. Saturno está relacionado a grandes provações por ser considerado rigoroso, mas, na verdade, é um mestre muito sábio que não apenas nos mostra o que devemos melhorar, mas nos coloca frente a situações que exigem de nós uma reavaliação dos nossos atos.

O primeiro passo do trabalho alquímico é conhecer e encarar nosso lado sombra. Este processo é visto por muitos como a travessia do deserto árido, onde estamos solitários e fragilizados pela turbulência emocional.

Do chumbo ao ouro

Para alcançarmos a purificação, ou seja, a metamorfose do pesado e denso chumbo em ouro, é preciso o confronto consciente dos aspectos mais sombrios do nosso ser, para nos libertarmos e ressurgirmos igual fênix forjada e fortalecida pela dor e pelo fogo transformadores da experiência.

Nigredo é a noite escura da alma, é quando somos jogados no fundo do poço sem qualquer subterfúgio de segurança ou salvação. É quando nos permitimos mergulhar em nosso âmago e acendemos o fogo interno do caldeirão alquímico, iguais bruxos em busca da transformação dos elementos pesados e ocultos do nosso ser em consciência libertadora.

Nesta fase, é preciso deixar para trás uma identidade que já não nos serve, é preciso aceitar esse momento de fragilidade sem a tentativa de amortecer a dor encontrando culpados ou nos martirizando. É uma fase difícil onde tendemos a nos perder em novas alienações, que são fugas ao processo de crescimento.

sabemos que quando a noite está mais escura é porque está perto de amanhecer. Facilita ter em mente que uma nova parcela do nosso ser está a se preparar para emergir, igual fênix renascida, saindo das trevas e anunciando-se à luz.

Ao trabalharmos profundamente, de forma visceral e sem ressalvas, sabendo que à superfície nossa essência não é revelada, providos de coragem e propósito, o caos se dissolve, surge o renascimento e a percepção que aqueles aspectos mais obscuros não nos dominam e não nos definem mais.

Nós temos o poder dessa transformação e estamos aqui para isso. Aceitar esse poder é aceitar viver uma vida mais consciente, mais lúcida.

Nigredo na prática

Existe também a possibilidade de forçar a entrada na nigredo. Talvez essa seja uma estratégia pouco utilizada, mas que apresenta bons resultados. Devemos perceber as características do nosso ser que nos incomodam e primeiramente estudar a respeito. Fazer uma análise racional das questões emocionais que nos afligem. O segredo é o conhecimento. Quanto mais informação tivermos sobre o tema que se deseja trabalhar, mais fácil será a aceitação, o reconhecimento e a saída da nigredo.

Sempre devemos iniciar o processo da nigredo com conhecimento. Por que a raiva se desenvolve? Qual a razão das pessoas sentirem inveja? Por que o ciúmes se apresenta? O que é ser controlador? Quais características estão relacionadas à baixa autoestima? Por que temos medo do desconhecido?

Ao acionar o racional, por meio do estudo e do conhecimento, equilibramos nosso emocional e o trabalho interno fica muito mais fácil.

Outro ponto importante de lembrar é que não se cura e nem se resolve tudo com apenas uma passagem pela nigredo. Sempre estamos entrando e saindo dela, num movimento infinito, obtendo desde pequenas tomadas de consciência até a completa sabedoria e iluminação.

Sejamos corajosos, não tenhamos medo de trabalhar nossas questões internas e de reconhecer a escuridão oculta em nós. Devemos ir fundo. Se precisar, além do estudo, podemos utilizar outras ferramentas que possam auxiliar. Um retiro, o apoio de um psicólogo, o uso de medicinas sagradas das florestas, alguma terapia holística, mas tudo isso deve ser visto como meras ferramentas, pois o trabalho é sempre feito por nós. Já disse Sai Baba, “a iluminação independe de qualquer fator externo”.

Namaskaram

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